Mudanças à vista para 2010

Por Everaldo Lima Jr.

Confesso que ainda estou me acostumando com a idéia da F1 sem o reabastecimento. Sempre fui um dos maiores defensores da prática desde os anos 80 e início dos anos 90, pois achava as corridas da antiga Indy mais interessantes do que a F1 por causa do reabastecimento. Mas isso foi naquela época e já é uma outra discussão. Quinze anos depois, começo a visualizar que de fato, os tempos mudaram.

Na F1 de hoje, não é mais vantajoso largar com o tanque cheio até a tampa quando se está lá trás. Nelsinho, Bourdais (os demitidos do ano) e outros que costuma(m)ram largar lá trás mostraram que não há muita vantagem de sair com o tanque cheio e ter menos pitstops. Ficavam excessivamente lentos e, somado a ruindade dos carros, não conseguiam sucesso na estratégia de boxe. Claro que o fator reabastecimento decidiu (e ainda decidirá as últimas provas do ano) corridas e campeonatos – aquela mangueira pendurada na carenagem da Ferrari de Massa em Cingapura ainda está fresquinha na memória de quem acompanha F1…

A grande vantagem da proibição do reabastecimento é que a superpole será superpole de verdade, combustível liberado para os dez que ficam para o Q3. É pole quem realmente será rápido de fato e de direito do treino inteiro, sem a discrepância atual de que tempo mais rápido do treino é no Q2, e este na maioria das vezes, não é o pole. O reabastecimento atual funcionava bem quando o sistema de treinos era aquele antigão, em que cada piloto tinha direito a dar 12 voltas no treino. Nessa forma atual, a coisa fica esquisita.

Pela entrada das novas equipes em 2010, o número de eliminadas no Q1 e Q2 passa de cinco para oito. Fato óbvio. O peso mínimo dos carros foi elevado de 605 para 620 kg (sem combustível), incluso o piloto. O KERS não foi banido, mas há um acordo entre os integrantes da FOTA para que nenhuma equipe o use (porém, vale lembrar que a Williams foi excluída da FOTA e, portanto, não se sente obrigada e não deve aderir a tal acordo. Não duvide se os carros de Grove vierem com o KERS desenvolvidos por eles ano que vem).

Os cobertores elétricos para os pneus, que seriam banidos no próximo ano, foram mantidos. Graças! A proibição desses cobertores poderia até ser responsável por acidentes bestas na largada pelo fato dos pneus não estarem devidamente aquecidos. Essa possibilidade me incomodava muito mais do que a saída do reabastecimento.

O atual sistema de pontos é mantido. Graças de novo! Aquela idéia estapafúrdia de Tio Bernie de estabelecer a pontuação por medalhas ou colocar como primeiro critério o maior número de vitórias, iria enterrar a F1 de vez. O que poderia ser feito é aumentar a diferença de pontos entre o primeiro e o segundo colocado, aí sim, valorizaria mais a vitória e não apenas premiaria o piloto que é regular. Mas, para não piorar, melhor deixar do jeito que está.

Por fim, o regulamento acaba com a ameaça de uma categoria paralela à F1, principal elemento da polêmica entre a federação e a FOTA. Se não houver nenhuma novidade bombástica, a paz volta reinar no circo da F1… E poderemos ter uma temporada em 2010 bem interessante.

Veja também:

  • 18/06/2009 — Fota e FIA não chegam a um acordo. O que isso muda na minha vida? (6)
  • 24/11/2009 — A hora da prova real (0)
  • 16/11/2009 — Um pouco da história de Anísio Campos (4)

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